Saiba que você é amado, mesmo que você não se ame.

 Cheia de prantos e encantos,

Sigo nos meus acalentos,

A cura está seguindo por aqui,

Corriqueira como as folias que um dia foram do Rei Davi,


Dessas curas, veio você,

Você mesmo, que não consegue aprender a se amar,

Sempre permanece a se odiar, e se criticar,

Se culpar até pelo ar que veio a respirar,


Que se culpa pelo teu passado sombrio,

Teu passado solitário que veio cheio de arrepio,

E ter sofrido em segredo, com medo de ser cuidada e tê-lo por ele, zelo,


Sofreu muitas vezes calada, rejeitada, açaoitada de uma forma diferente,

A mágoa, 

Que contribuiu por este frio que veio cheio de calafrios,


Escrevi sempre aos choros, desabotoando de mim sentimentos de consolo,

Sempre por si só, sempre por si, e cheia de dó,

Se esqueceu e se embruteceu,

Se vendou e de mistérios por si só se enfeitiçou,

E quando veio amor conhecer, por ele, não sabia, nem como se oferecer,


Se fechou, se abriu, se diminuiu e não conseguiu,

Sofrer pelo que era, pelo que é e pelo que passou,

É, claro que sou uma mulher preta, cheia de dor,


Carregando tristezas sem igual,

Clamando por justiça de ser amada e permitir tal,

Mesmo sabendo que fui amada, tive medo, fiquei amordaçada,


Me senti, como sempre, objetificada,

Me senti desprezada, como me sinto pelos olhares,

Pela massa branca que passa pelos lados incertos,

Pela falta de acalento e pelo próprio zelo.


Hoje profundo, sigo no meu conhecimento interno,

Inseguro e com instinto puro, natural e obscuro,

De buscar ser o melhor e o mais seguro,

De buscar ter mais firmeza, certeza e destreza,

Para desbravar ambientes com cabeça erguida, sem medo,


De ressignificar meus dons de ser preta,

De ser intensa e ter a certeza que busco e trilho minhas Mães,

Que por mais abandonada que fui, Elas sempre estiveram comigo,


E hoje na harmonia do meu lar, não tenho do que reclamar,

Não tenho do que falar, pelo amor que recebo dos meus pais,

do amor próprio que nutre meu corpo, 

Do mel que corre em minhas veias, da certeza da ancestralidade que em mim

habita, 

e percorre em minha cabeça a fortaleza de auto curar, me medicar, me entender e meditar,

e saber que eu sou amada, mesmo que em dias como esse eu não me ame, anseie e queira me retirar,

Retirar de que? se sou detenta do meu saber, e por ele devo permanecer e continuar a florescer!

 

Comentários

Postagens mais visitadas