Sobre a gratidão.
A gratidão
“A ingratidão é filha do egoísmo...”
Estava lendo um livro de Osho, onde ele falava que a gratidão é uma prece. Falava mesmo, pois ele não escrevia. Seus livros são degravações das palestras que realizava.
A questão é: como ser grato?
Rodeados de ingratos...
Quando pensamos em gratidão, nos vem quase sempre a cabeça aquilo que desejamos que os outros nos façam em troca de uma “boa ação” que realizamos.
Ao ajudar alguém, o “caridoso” deseja ser lembrado, reverenciado por toda a vida. Tanto tem essa necessidade que, se não recebe as lisonjas que espera, diz que nunca mais irá fazer nada pelos outros... pois os outros são ingratos.
Muitas vezes a pessoa que recebeu a ajuda, a ação boa, está com saúde e ânimo... está ajudando outros. Isso não basta. A ajuda deve ser lembrada todos os dias e falada aos quatro ventos.
Além de bajular, aquele que é “grato” deve ser garoto propaganda do seu bem-feitor.
Talvez por manter essa visão de gratidão, poucos se acham gratos. Poucos se ajoelham diante de Deus e o bajulam com palavras recitadas. Não tem tempo para isso e se sentem ingratos... têm culpa.
Reconceituando a gratidão
Mas então o que é ser grato?
É reconhecer as graças recebidas. É fazer da vida uma demonstração de gratidão.
O trabalho bem feito... sério e construtivo é demonstração de gratidão.
Os pais que, por amor, educam seu filho, ao presenciarem o seu êxito, o seu sucesso como pessoa, como trabalhador, como pai de família... percebem que o filho é grato por tudo que recebeu, pois está fazendo bom uso de tudo.
Árvores, flores, animais... todos são gratos à vida. todos vivem plenamente. Dão ao mundo seu melhor, sua beleza, sua abundante vida. isso é gratidão.
As pessoas que se dedicarem ao bem, aproveitando a dádiva da vida, da saúde, do discernimento, demonstram, sem dúvida, uma gratidão imensa.
O que dizer de alguém que reza a Deus agradecendo, mas age de forma imoral no mundo? O que dizer de um filho que bajula os pais, mas passa a vida à custa deles? O que dizer de alguém que sempre nos agradece, mas não fez bom uso do que lhe oferecemos?
É uma gratidão inútil. É uma gratidão dos lábios e não do coração.
Ser grato nos faz feliz
Quando entendemos a vida... quando ampliamos nossa consciência, somos mais alegres, sorrimos mais, nos tornamos mais leves.
Ser grato por um dom é usá-lo bem. E isso nos faz feliz: fazer o que manda nossa vocação. Cumprir o propósito é ser grato.
Quando nos casamos com alguém que amamos, somos felizes. Mas não basta agradecer a Deus, ou a pessoa que aceitou “o desafio”. Viver em comunhão, respeito e atenção plena é demonstração de gratidão.
Quando arranjamos o emprego dos sonhos, nossa gratidão deve ser expressa nas atitudes corretas e no dever cumprido com seriedade. Não adianta agradecer o patrão e prestar um serviço ruim.
Diante da doença, surge a cura. Não bastará agradecer ao médico. A gratidão engloba mudanças de hábito e uso ético do corpo saudável.
Viver a gratidão é viver a vida.
É viver em ampla consciência. É realizar coisas boas, é alimentar a compaixão, a benevolência, a indulgência , o perdão... é sorrir, conhecer, amar...
Agradecer a vida é abrir-se a ela plenamente, como as árvores ao darem frutos, as flores ao exalarem perfumes, as crianças rindo nas brincadeiras e descobertas...
Comentários
Postar um comentário